FICÇÃO AO MODO REALIDADE
Dois estudos independentes apresentaram na revista Science uma teoria pioneira sobre como tornar objectos invisíveis, delineando um plano para fabricar “capas de invisibilidade” que serão capazes de esconder objectos ou pessoas de forma a não serem detectadas. Os cientistas procuram agora passar da teoria à prática, algo que pode ainda levar meses ou anos até ser conseguido.
As capas deverão ser manufacturadas a partir de metamateriais, compósitos artificialmente estruturados que têm vindo a ser desenvolvidos nos últimos cinco anos. Os metamateriais podem ser fabricados de forma a possuírem uma vasta gama de propriedades ópticas que permitem manipular luz e outras ondas electromagnéticas. Estes materiais são os pilares para a teoria apresentada por John Pendry, do Imperial College de Londres, conjuntamente com David Smith e David Schurig da Universidade de Duke nos Estados Unidos, e independentemente por Ulf Leonhardt, da Universidade de St.Andrews em Edinburgo.
Como se fosse um buraco
“A capa actua como se abrisse um buraco no espaço”, afirmou David Smith. “Toda a luz ou outras ondas electromagnéticas são varridas em redor da área, guiadas pelo metamaterial até emergirem do outro lado como se tivessem passado por um volume de espaço vazio.” Para um observador na direcção dos raios de luz, nenhum efeito será notado, pelo menos em teoria. Para um observador na direcção dos raios de luz, nenhum efeito será notado, pelo menos em teoria.
De igual modo, qualquer pessoa dentro da capa perderá toda a visão e capacidade de comunicação com o exterior. “A pessoa dentro da capa será cega para o mundo exterior”.
Engenheiros na Universidade de Duke procuram agora fazer dos metamateriais uma realidade. Espera-se que as primeiras amostras possam ser testadas na frequência de ondas rádio, mas serão contudo capas sólidas e pesadas, com pouco uso prático. Também é difícil prever ainda o quão perfeita será a invisibilidade obtida através destes materiais. Até agora existem fortes limitações relacionadas com o facto dos metamateriais serem ainda fortes absorventes de radiação, o que os leva a reflectir luz e assim serem detectados.
Outro aspecto limitador prende-se com o facto da teoria funcionar idealmente para uma dada frequência e ter um rendimento deteriorado para outras frequências. De momento, os cientistas estão ainda duvidosos de que alguma vez se possam fabricar capas que sejam eficientes para todo o espectro da radiação visível.
Os autores colocaram também água na fervura em relação à especulação mediática em torno da possibilidade de se poderem fabricar capas do estilo Harry Potter nos próximos cinco ou dez anos. “A ideia de podemos encobrir uma pessoa ou um objecto completamente permanece ainda firmemente no campo da ficção cientifica”, disse Smith ao CH. Contudo, os cientistas deixam antever que outro tipo de aplicações militares, de telecomunicações e médicas da tecnologia serão possíveis no futuro. disse Smith ao CH. Contudo, os cientistas deixam antever que outro tipo de aplicações militares, de telecomunicações e médicas da tecnologia serão possíveis no futuro.
A teoria da invisibilidade também já atraiu a preocupação das associações de nanoética para os perigos advindos em termos de privacidade e segurança. “ Os problemas relacionados com ética, segurança e privacidade envolvidos neste assunto só são limitados pela nossa imaginação. Os problemas de visão e também de maleabilidade destas capas são perfeitamente passíveis de serem resolvidos a qualquer altura”, avisou Patrick Lin, director do Nanoethics Group. avisou Patrick Lin, director do Nanoethics Group.
“Podemos imaginar alguém a usar uma capa para algo tão mesquinho como roubar um banco ou um casino, ou então algo muito mais sério como entrar na Casa Branca. Podemos também conceber que versões mais leves destas capas possam esconder veículos móveis (tecnologia furtiva para carros por exemplo) que levem contrabando, pessoas ou armas”.
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